Reinaldo Andraus, o Dragão, experiente jornalista de surf, com várias viagens e temporadas hawaianas na cabeça, ministrou a 3º aula do curso, SURF – Administração, Marketing e Gestão de Negócios que está sendo realizado na USP com a organização do Ibrasurf. Dragão que está diretamente ligado ao surf, desde sua adolescência quando começou a surfar e tanto agora como jornalista. Na aula, procurou mostrar a experiência vasta que tem e nos contou a história do surf no mundo.
Desde as antigas pranchas de madeira, feitas artesanalmente pelos surfistas e com seus pesos e tamanhos monstruosos, vai até chegar aos foguetes atualmente. O Surf foi introduzido vagarosamente pelo mundo, pois nos tempos antigos, os que surfavam em pé eram só os reis e os trabalhadores apenas podiam pegar onda de joelhos. Com o tempo essa visão foi saindo de padrão e muitos surfistas surgiram, nomes como Duke Kahanamoku, Eddie Aikau e mais pra frente, Peter Townend (PT), Michael Tomson, Ian Cairns, Shaun Tomson, Rabbit Bartholomew, Mark Richards (MR). Na época desses seis últimos caras citados, o Hawaii já tinha se tornado a Meca do Surf e todo mundo queria estar lá, Australianos, Brasileiros, Japoneses, Europeus, Africanos, o mundo todo queria estar participando desse novo negócio que estava surgindo e chamando a atenção de muita gente. O Hawaii simplesmente lotou, um crowd jamais visto, nesse movimento surgiram os grupos de surfistas locais, que com o crowd violento e os haoles que não respeitavam, deram um chega pra lá em tudo. Começaram a quebrar a cara dos haoles que não respeitavam e por aí foi, se criando um respeito e até hoje existem ainda esses grupos, o Wolfpak é um desses grupos que comandado por Kala Alexander bota moral e respeito no North Shore. Dragão falava do Hawaii como se fosse sua própria casa, falando da região, das grandes ondas hawaianas e californianas, Pipeline, Waimea Bay, Sunset Beach, Mavericks, Jaws e tantas outras. A intonação na voz dele, ditava um ritmo agradável a aula e a certeza de que realmente tudo o que ele falava, era o que é.
Com a evolução dos anos, vieram pranchas novas, leves, com matérias diferentes da madeira usada antigamente, quilhas para um surf com mais movimento, mais solto e novos tamanhos e estilos. Com o tempo também foi surgindo o Surfwear, o grande mercado de roupas que hoje em dia é tão valorizado e usado por surfistas e não-surfistas.
Dragão deixou para o final para falar sobre o surf no Brasil, a demora que levou para o surf crescer, o preconceito que os surfistas sofriam no começo, eram tachados como vagabundos, pelo estilo largado de ser. O Surf no Brasil começou a explodir e mostrar atletas de conteúdo quando Fabio Gouveia surgiu desbancando os grandes surfistas do mundo, muitos começaram a surfar vendo Gouveia como um ícone a ser seguido. Um tema discutido durante e depois da aula, foi o fato de nenhum brasileiro estar completamente qualificado para ganhar um título mundial. Alguns falaram da falta de incentivo da Federação Paulista de Surf com as Associações de Surf do litoral paulista, que sem verbas e incentivos não conseguem fazer campeonatos bons, com um nível bom, para que as gerações novas consigam trabalhar bem o surf, treinar bem para um dia vir a se tornar um campeão mundial. Nomes como, Adriano Mineirinho, Neco Padaratz e Pablo Paulino estavam na cabeça da galera, Adriano Mineirinho é um ótimo candidato, ele ainda é novo, tem que aprender bastante ainda e se especializar nas ondas do Dream Tour, assim como todos os outros. Mineirinho ontem a noite, perdeu o Round 4 do Rip Curl Pro Bells, etapa do WCT realizada em Bells Beach na Autrália, para o atual campeão Mick Fanning. Neco Padaratz foi outro que também caiu no Round 4, para outro Australiano, Joel Parkinson. Neco é o mais velho dessa galera, tem uma linha boa de surf e tem muita raça, mas acho que falta o foco, a concentração total dele para tentar buscar um título. Pablo Paulino é o nome que vem surgindo na cabeça de todos, Bi-campeão do Billabong World Junior. Paulino ainda igualou o único com dois títulos também, o aussie Joel Parkinson. Agora é ficar na espera, esperar que Paulino plante bons frutos para colher lá na frente, muito treino, muito foco e vamos no caminho certo.
Como o próprio Dragão disse na edição de Março da Revista ALMA SURF, os fatores principais que um atleta precisa ter para se tornar um campeão: talento – estrela – competência – sorte – insanidade sob controle – inteligência.
Agradecimentos ao Dragão pela experiência passada e sucesso, mais ainda, na carreira.
Peace
Escrito por: Thiago Dorta